Assange denuncia "investigação secreta e ilegal" norte-americana

Assange denuncia "investigação secreta e ilegal" norte-americana

por SUSANA SALVADOR


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Fundador diz temer extradição para os EUA, que afirma ser cada vez mais provável
Pouco
faltava para as 15.00 quando Julian Assange deixou a mansão onde viverá
em liberdade condicional para cumprir um ritual que a partir de agora
será diário: apresentar-se na esquadra da polícia de Beccles. O fundador
da WikiLeaks saiu num carro preto, rodeado de dezenas de jornalistas,
os mesmos a quem, momentos antes, tinha denunciado estar a ser alvo de
uma "investigação secreta e ilegal" por parte dos EUA.Segundo o
australiano, que é acusado na Suécia de crimes sexuais e enfrenta um
pedido de extradição, o maior risco para si é ser entregue aos EUA. "E
isso parece cada vez mais sério e mais provável", afirmou, tendo como
pano de fundo a mansão de dez quartos do amigo jornalista guerra e
fundador do Frontline Club, Vaughan Smith. "Os EUA mostraram
recentemente que as suas instituições parecem não seguir o curso da lei.
E lidar com uma superpotência que não parece seguir a lei é um assunto
sério", acrescentou. "As pessoas gostam de apresentar a WikiLeaks
como sendo apenas eu e a minha mochila. Não é verdade. Somos uma grande
organização", disse Assange, indicando que alguns dos seus
colaboradores estão a ser "presos, seguidos e os seus computadores
apreendidos". A organização é responsável pela divulgação de milhares de
documentos secretos, os últimos referentes à correspondência
diplomática norte-americana. Segundo o fundador da WikiLeaks, a
maioria dos fundos doados à organização estão actualmente a ser usados
para responder a vários ataques. "Mais de 85% dos nossos recursos
económicos são gastos a lidar com ataques: técnicos, políticos e legais,
não a fazer jornalismo. E para mim isso é um ataque ao jornalismo de
investigação", referiu.Em liberdade condicional depois de ter
pago uma fiança de 240 mil libras (cerca de 280 mil euros), Assange
promete continuar a divulgar os documentos secretos - para o próximo mês
o alvo serão as instituições financeiras. "Agora que estou de volta
para dirigir o barco, o nosso trabalho vai continuar de forma mais
rápida", explicou. Isto apesar de, aparentemente, a mansão onde se
encontra, a 200 Km de Londres, ter uma fraca ligação à Internet e de
Assange já ter dito que também quer aproveitar para "passear e pescar".

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